10 de novembro de 2016
No último de 05/11 aconteceu no Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente, o sarau poético homenageando o poeta Narciso de Andrade. Conhecido como poeta do vento e das maresias, o evento contou com a presença de Clara Sznifer que apresentou um pouco da da vida e obra deste ilustre poeta e amante do Mar.Notícias :: Sarau poético homenageando Narciso de Andrade
Tivemos leitura de poesias, música e momentos agradáveis com o lançamento do livro de poesias de nossa querida Deise Domingues Giannini.
Saiba quem foi Narciso de Andrade.
Para conhecer melhor a obra poética de Narciso de Andrade, é preciso primeiro saber um pouco de sua vida. Embora seus versos raras vezes tenham conseguido ultrapassar as fronteiras da província, o poeta sempre esteve ligado ao que acontecia no mundo em termos de poesia. Sempre foi moderno, ainda que, como disse Octavio Paz, o moderno seja também uma tradição. Essa modernidade foi o que sempre fez de Narciso um poeta avesso a todos os sectarismos, mesmo numa época em que parecia que a sorte dos deserdados da terra seria mudada pelos ventos que vinham da Europa Oriental.
Narciso de Andrade Neto, filho de Agenor Andrade e Celina Penteado, nasceu em São Paulo no dia 20 de julho de 1925, um ano e cinco meses depois de seu grande amigo Roldão Mendes Rosa (1924-1989), opoetirmão, como se definiam. Da São Paulo da década de 20, que ainda vivia os derradeiros anos da belle époque, apesar de toda agitação promovida por Mário de Andrade e seus modernistas, ele nada carrega na lembrança porque, pouco depois de nascido, foi levado para Santos pela família, que tinha algumas posses e muito renome na praça. Mas viveu uma vida solta de moleque pelas ruas do bairro operário do Macuco.
Da infância, Narciso recorda de uma manhã, a bordo do bonde 5, quando o poeta parnasiano Martins Fontes (1884-1937) o pegou no colo, tirando-o das mãos de sua tia Carola e dizendo que o menino precisava ir para a Capital da República. “Ele tem de conhecer o Rio de Janeiro à hora do crepúsculo”, disse o poeta, com gestos largos e voz de trovão. Narciso recorda que Martins Fontes já era à época um poeta fora de moda, que nunca mais se recuperara desde que Mário de Andrade ridicularizara o seu fazer poético na revista Klaxon.
“Mas, quando começava a falar, ele era fascinante”, afirma Narciso. “Logo se formava uma roda”. De José Martins Fontes, o Zezinho, médico famoso, homem extravagante que fazia soltar pássaros apenas pelo prazer de vê-los se perder no horizonte, antigo sócio de Olavo Bilac numa agência de propaganda de produtos brasileiros em Paris, Narciso lembra de seu enterro, um cortejo que parou as ruas de Santos até a entrada do cemitério do Paquetá. “Nossas famílias eram próximas”, justifica. “E eu gostava muito dele”.
Em Santos, Narciso fez os estudos primários. O ginásio ele seguiu no tradicional Colégio Santista, dos irmãos maristas. Foi lá que conheceu Roldão Mendes Rosa, com quem cruzava nos pátios e corredores, já admirando aquele colega que, apenas um ano mais adiantado, publicava seus textos no principal jornal da cidade, A Tribuna. A essa época, Narciso chegou a voltar para São Paulo com o objetivo de concluir os estudos secundários no Colégio São Bento, que oferecia o ensino mais avançado do País.
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